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  • Alex Sabino

Gastronomia no Palácio: Do interior de São Paulo para o Planalto Central


Ser chef de cozinha foi um sonho difícil de realizar, mas, trabalhar no Palácio Itamaraty foi super desafiador.

Considerado a sala de visitas do país, o Palácio do Itamaraty encanta e impressiona pela imponência das quatro fachadas, pelas emblemáticas obras de arte e pelos jardins exuberantes. Localizado no epicentro do Plano Piloto, o prédio mostra em suas formas todos os conceitos da arquitetura contemporânea.

O nome Itamaraty vem de sua antiga sede, na ex-capital da República (Rio de Janeiro), um refinado casarão neoclássico originalmente pertencente a Francisco José da Rocha Leão, Conde de Itamarati. Itá, em tupi, significa “pedra”; mara vem do tupi pará, que significa “mar” e ti significa “água”.

Os eventos eram grandiosos e, misturados às obras de arte e à arquitetura fenomenal de Oscar Niemyer, faziam com que tudo ao meu redor fosse esplendoroso e imponente. Homens impecavelmente bem vestidos, a maioria fumando charutos, alguns acompanhados por mulheres igualmente elegantes, circulavam pela varanda com o reflexo das sombras das curvas dos Arcos do Palácio, se deliciando de um finíssimo coquetel aguardando o convidado ilustre para iniciar o banquete.

Os convidados, em sua maioria, eram chefes de Estado, Ministros, Embaixadores ou até mesmo artistas famosos de todas as áreas.

Cozinhar regularmente para personalidades de vários se tornou uma experiência inesquecível. Entre os eventos mais marcantes, tenho em minha memória: a Cúpula dos Brics, onde estavam presentes 16 Presidentes, e a Cerimônia de Posse da Presidente Dilma Rousseff, que contou com 3.700 convidados para um banquete com um cardápio elaborado apenas com comida brasileira.

Os cardápios eram sempre especiais, afinal, a gastronomia brasileira é uma mistura de tradições, ingredientes diversos e produtos marcantes. Escondidinho de carne seca, mariscada de frutos do mar, xinxim de galinha e sobremesas como o brigadeiro estavam sempre presentes, porém, servidos com o glamour exigido pelas ocasiões.

Por várias vezes tive também a oportunidade de praticar a culinária fusion, fazendo releituras de pratos internacionais, agregando algum ingrediente brasileiro. A junção era fantástica e se traduzia na satisfação estampadas no rosto dos comensais e nos burburinhos que se ouvia de longe.

Preferências políticas à parte, o tempo de experiência no Palácio do Itamaraty, sem dúvida, me fez desenvolver habilidades privilegiadas para um Chef. O fato de cozinhar para um público tão seleto e exigente faz com que tenhamos mais cuidado nos preparos, nas técnicas e na escolha dos cardápios. Além disso, esse foi também um período em que tive o prazer e a sorte de trabalhar com profissionais muito mais experientes do que eu e aproveitei mesmo para aprender incansavelmente.

Hoje, me encontrei em sala de aula, onde tento passar para meus alunos todos os aprendizados e experiências como essa.

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