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  • Arthur Mesquita Camargo

Quando o Espinafre Para de Fazer Efeito


A injeção de liquidez global dessa semana ainda está sendo indigesta para o mercado. Ontem o dia foi cruel com uma avalanche de notícias ruins derivadas do Covid-19: multiplicação de confirmações da doença, início de quarentenas, lockdowns e suspensão DE atividades empresariais (aumento do risco de falências) e, o dado mais nuclear de todos: aumento de 70 mil além da expectativa do o seguro-desemprego nos EUA (a expectativa era de 220 e veio 281 mil).

"AUMENTO DE 70 MIL ALÉM DA EXPECTATIVA DE PEDIDOS DE SEGURO-DESEMPREGO NOS USA"

Após esses fatos, os Banco Centrais globais começaram a ampliar a oferta de liquidez que já está absurdamente elevada: cortes extraordinários de juros, elevação de programa de compras de bônus e promessa de elevação de compras de ativos na proporção e pelo tempo que forem necessários.

"APESAR DO AUMENTO DA OFERTA MONETÁRIA, PORQUÊ OS MERCADOS AINDA NÃO REAGIRAM? "

É difícil entender a lógica, mas talvez o espinafre está parando de fazer o efeito. Dá mesma forma que o espinafre possuem ingredientes antinutricionais que impedem a absorção de cálcio, ferro e, ainda, estimulam o surgimento de cálculos renais, o excesso de dinheiro parece não estar fazendo o efeito necessário no esqueleto da economia e, pior, pode estar estimulando a formação de pedras econômicas que serão duras de se expelirem.

O efeito é descrito como armadilha da liquidez surge quando a taxa de juros nominal chega a zero ou a próximo dele, e a política monetária perde tração. Consequentemente, métodos tradicionais para guiar uma economia de regresso ao equilíbrio tornam-se ineficazes. Existe a possibilidade, pelos motivos discutidos acima, que, após a taxa de juros ter caído para um certo nível, a preferência pela liquidez pode se tornar praticamente absoluta, no sentido que quase todo mundo irá preferir portar dinheiro a ter em mãos um título que gere uma taxa de juros muito baixa. Neste caso, a autoridade monetária terá perdido o controle efetivo da taxa de juros. (John Maynard Keynes, The General Theory of Employment, Interest, and Money, MacMillan & Co. Ltd. (1964), p. 207.) Um aumento na quantidade de dinheiro, por si só, não faz com que haja a produção de mais bens. Na verdade, teremos uma situação desenhada da seguinte forma: 1) a demanda e a oferta de bens vai cair, porque tanto as fábricas quanto os compradores não podem sair nas ruas para comprar (como a música do Raul Seixas);

2) esse dinheiro injetado pelos Bancos Centrais chegam na população através dos bancos comerciais. Isto é, o banco terá muito mais dinheiro para emprestar, mas quem terá confiança em pegar emprestado? O consumidor que não sabe quando o vírus vai acabar ou se vai ser demitido amanhã? Lógico que não... 3) Só quem vai pegar emprestado é quem tem dívidas vincendas para fazer a rolagem de dívida. Em termo práticos, rolar dívida é o banco pagando banco. 4) Rolagem de dívida não injeta dinheiro na economia - só volta para o banco. 5) Ao final, a rolagem de dívida com tamanha quantidade de dinheiro, só faz com que a receita dos juros caia - muito dinheiro, faz o preço do dinheiro ficar mais barato. 6) A solução para o dinheiro não ficar só nos bancos? No Brasil e nos USA, estão querendo dar dinheiro de graça, literalmente. O que isso gera? No final das contas, se a arrecadação vai cair o dinheiro deve vir de mais endividamento. Mas quem vai querer investir em um país pagando menos de 4% de juros (Imagine que a China tem taxa de juros maior!? Ou pior, quem vai querer investir em mundo em que a confiança está nos buracos? No final, a conta só vai fechar ou no aumento o juros para captar mais dinheiro ou no aumento da carga tributária: os dois efeitos consomem dinheiro da economia e faz com que menos dinheiro no futuro fluam para ajudar o crescimento economia. Que crise!

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