Uma metáfora futebolística foi utilizada para exemplificar o papel do governo e das entidades na criação de condições favoráveis para a internacionalização de empresas brasileiras. Isto ocorreu neste mês durante uma das palestras do Seminário Internacional "Cultura, redes, conhecimentos e saberes: Experiências com a internacionalização de micro e pequenas empresas na América Latina, África e Ásia", realizada em Brasília.
A metáfora remeteu à ideia do campo pronto, com linhas demarcadas, árbitros em campo, a bola na frente do gol, enfim, tudo está organizado, mas daí surge a questão: O que faz com que a bola entre para o Gol?
O caminho para tentar encontrar respostas é compreender o cenário, quais são essas condições colocadas? Elas realmente atendem o que as empresas precisam?
Para tentar explicar foram apresentadas as diversas iniciativas de apoio às empresas brasileiras que desejam se inserir no mercado externo, incluindo programas de internacionalização, capacitações, linhas de financiamento, ações de promoção comercial e várias outras iniciativas que incentivam a ida das empresas para o mercado externo. É possível notar que existem muitas iniciativas e ações interessantes no Brasil.
Mas se há tanto incentivo, porque ainda assim poucas empresas se envolvem com o mercado? Por que a bola não entra para o gol?
Essa realidade é ainda mais marcante se olharmos para a situação dos pequenos negócios na exportação. As micro e pequenas empresas representam a grande maioria nos negócios no Brasil, mas, ocupam apenas 0,5% no valor total exportado pelo país, segundo dados de 2016 do Sebrae.
Ao mesmo tempo em que esses números mostram a baixa participação das pequenas empresas nas exportações brasileiras, eles também abrem um leque de oportunidades e caminhos a serem explorados.
Então, qual seria o caminho para a bola entrar no gol?
Um dos caminhos é avançar para além da abordagem mercadológica, ou seja, aquelas estratégias mais focadas em mercado, programas, documentação, processos, enfim, aspectos mais explícitos, ou seja, nas condições do campo. E focar também nos jogadores. Como fazer com que eles assumam o papel de protagonista? O que precisa ser considerado?
Este outro caminho é uma abordagem mais experiencial, que está ligada aos aspectos mais intangíveis ou subjetivos. É possível avançar ainda mais e pensar no nível do indivíduo, do tomador de decisão ou mesmo das pessoas envolvidas no negócio. Existem aspectos que, muitas vezes, não recebem atenção, mas exercem influências nos rumos da organização.
Podemos pensar nas emoções, lembranças, imagens, culturas, símbolos que delineiam as escolhas e caminhos a serem seguidos. Como é que tudo isso interfere nos negócios, nas decisões e nos resultados?
Precisamos avançar mais sobre as reflexões referentes à dimensão experiencial do conhecimento em processos de inovação e aprendizagem para a internacionalização de micro e pequenas empresas. Talvez esse seja um caminho para que a bola possa entrar mais para o gol. Vamos continuar a reflexão!