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Camilla Cunha

Queremos Ver Mais Brasil no Mundo


Ao analisar o desempenho da balança comercial divulgado esta semana, me lembrei do slogan do governo brasileiro “Mais Brasil no Mundo”, utilizado em suas ações de promoção comercial, com o objetivo de aumentar as exportações. Mas o que tem por trás do desempenho alcançado?

O resultado da balança comercial em junho trouxe números animadores, principalmente o superávit de US$ 7,1 bilhões em junho, considerado o maior desde o início da série histórica em 1989. No primeiro semestre do ano, as exportações somaram US$ 107,7 bilhões e as importações US$ 71,5 bilhões, alcançando um superávit de US$ 36 bilhões no primeiro semestre do ano. Esse desempenho fez com que o governo brasileiro revisasse a previsão de superávit para US$ 60 bilhões para o ano de 2017. Se esses números se confirmarem, será o maior superávit da história do país, conforme dados no Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

O esforço para desenvolver uma cultura exportadora no Brasil é antigo, inclusive com ações específicas nos diversos estados brasileiros. Embora seja possível observar avanços na pauta exportadora, o desempenho brasileiro é pouco significativo, ficando em torno de 1,2% do comércio mundial. Além da pequena participação, vale ressaltar que pauta exportadora é concentrada em produtos básicos, conforme mostra a figura abaixo.

Fonte: Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (2017)

Ao analisar tais números, percebemos novas oportunidades de um novo posicionamento para as empresas brasileiras. O Brasil tem potencial para ampliar e diversificar sua participação no comércio mundial. O país é “abençoado Deus e bonito por natureza”, como já dizia Simonal ao se referir às nossas riquezas naturais. Também há de se considerar a cultura brasileira e a criatividade do povo brasileiro. Estamos diante do desafio de aliar tais riquezas às necessidades urgentes de pesquisa, desenvolvimento e inovação. É mister agregar valor às nossas exportações, sair de uma pauta concentrada em produtos primários e avançar para exportação de produtos industrializados, inovadores e com valor agregado.

As alternativas caminham para uma boa utilização de nossos recursos naturais aliada a investimentos em P&D, buscando inovar em processos produtivos, produtos, serviços e onde mais houver espaço. Além disso, é fundamental aproveitar a capacidade de empreender e a criatividade do povo brasileiro para mostrar ao mundo o que o Brasil pode oferecer. As riquezas naturais precisam ser matéria-prima e oportunidade para o desenvolvimento. Podemos vender mais que soja em grãos, é preciso fortalecer nossa indústria e ocupar mais espaço no comércio global.

Esta semana, tivemos a oportunidade de conversar com a Confraria, empresa exportadora de bolsas e sapatos do Distrito Federal. Ela transforma couro e fibras naturais em obras de arte. Trata-se de uma empresa de pequeno porte, em que a estilista optou por um posicionamento arrojado no mercado externo, mas isso exigiu investimento em pesquisa, desenvolvimento de coleção, descobertas de matéria-prima, prototipagens e muita criatividade. Uma das coleções utiliza o junco, fibra da Amazônia, para desenvolvimento de bolsas femininas que são comercializadas em três continentes.

Atuar no mercado externo precisa ser uma decisão estratégica da empresa, principalmente por que traz inúmeros desafios, incluindo a necessidade de encontrar clientes no exterior, lidar com culturas e idiomas diferentes, aprender os procedimentos de exportação, câmbio e os demais desafios do mundo globalizado. No entanto, é preciso transformar esses desafios em oportunidades.

A internacionalização abre possibilidades de aumentar a lucratividade, diluir riscos, aprendizado, fortalece a marca também no mercado interno, dentre muitas outras vantagens para a empresa exportadora. Cabe lembrar que ofertar itens “tipo exportação” faz com que a empresa se profissionalize, aumentando a qualidade do seu produto e melhorando sua capacidade de gestão empresarial. Enfim, é fundamental compreender que a internacionalização está relacionada a aspectos de competitividade internacional, atividade esta que contribui para o fortalecimento das empresas, geração de emprego, renda e contribui para o desenvolvimento do país.

Queremos ver mais Brasil no Mundo!!!

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