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  • André Luiz Cordeiro Cavalcanti

Aprovar o uso social e recreativo da maconha pode acabar com o tráfico de drogas?


Em meio à intervenção Federal/Miliar n o Rio de Janeiro, nos perguntamos se tal medida é necessária e suficiente para solução do problema. Vario dados têm sido expostos no sentido de demonstrar que o problema de segurança pública não estão restrito ao Rio de Janeiro. Porém, como a ação Federal, não sei se de forma oportuna ou oportunista, está concentrada naquela cidade, e lá o principal problema são as facções de narcotráfico, vamos tentar entender esse problema.


Não sou especialista em segurança pública, muito menos em políticas de drogas. Conheço de mercado, e é sobre isso que irei falar. Muitos progressistas argumentam que a legalização da cannabis resolveria boa parte do problema do Rio de Janeiro. O principal objetivo da legalização recreativa seria pressionar o tráfico ilegal de drogas.

Mas, quão competitivo seria o varejo da cannabis legal contra os mercados negros estabelecidos?

Essa questão também tem sido de interesse dos investidores. Esse interesse tem aumentado os valores de empresas que se dedicam à cannabis, no exterior, tendo sido criado= no Canadá, por exemplo, 4 fundos cambiais negociados por cannabis. As empresas de produção de bebidas alcóolicas e tabaco, nos países em que o comércio da cannabis não é proibido, têm investido em participações na produção da cannabis. Fornecedores de equipamentos hidropônicos e software de varejo e uma série de outras cadeias de produção e suprimentos diretos e indiretos poderiam se beneficiar.

Enfim, para responder a pergunta inicial, temos de considerar a seguinte hipótese: haverá um mercado concorrencial entre fornecedores legais e mercado negro.

Assim, se olharmos para qualquer indústria, que estiver no mercado deverá se preocupar os "quatro Ps" muito estudado no marketing. Esses 4 p’s, em inglês referem-se a:

  • Produto: características do produto;

  • Preço: o preço cobrado pelo produto;

  • Place: Local onde são vendidas;

  • Promoção: atividades promocionais .

Olhando para esses aspectos, os fornecedores legais teriam uma enorme vantagem sobre o mercado negro. Mas, se nos basearmos na legislação internacional que tem sido levada a efeito, os comerciantes e produtores legais têm alguns desafios.

O preço é o elemento competitivo que mais se debate. No Colorado, EUA, a cannabis legal barata significa que os mercados negros controlam apenas 20% das vendas no estado. Mas no estado de Washington, onde os preços são mais altos, os narcotraficantes controlam 50% do mercado

No Canadá, pretende-se estabelecer preços competitivos. A proposta é que seja cerca US $ 10 por grama, incluindo impostos especiais de consumo e impostos sobre vendas. Mas as estatísticas do país estimam que os preços de mercado caíram abaixo de US $ 7,50 no ano passado. Em Vancouver, o grama está perto de US $ 5, além do fato de os traficantes não cobrarem impostos.

Além da competição com os preços das ruas, que podem ser mais baratos, os produtores, quando legalizado, podem ser tentados a produzir a cannabis para o mercado farmacêutico alemão, que tem preços bem mais convidativos que consumidores finais para uso social e recreativo.

O dilema do estado é: ao cobrar preços muito baixos, o mercado negro deixa de ser competitivo, mas os contribuintes acabariam financiando os usuários de maconha, o que não parece justo em uma análise superficial; subir o preço e ter um dos principais efeitos da legalização, o fim do tráfico ilegal, esvaziado pela escolha racional dos usuários.

Os locais em que a cannabis é vendida também afetam a competitividade. Não adianta restringir o acesso a locais específicos que dificulte o usuário comprar quando precisar ou quiser consumir. Via de regra os processos de legalização limitam os locais de venda. Essa limitação tende a facilitar a permanência dos traficantes em pontos de “conveniência” acessíveis à população.

O estado do Colorado possui mais de 800 lojas, ou uma por cada 6.250 pessoas.

Um outro problema é a tendência das legislações mundiais em proibir que as lojas que vendem maconha não possam vender bebidas alcoólicas e tabaco. Isso restringirá as fontes de receita dos varejistas, impossibilitando a escalibidade dos negócios, e o número de lojas viáveis. Facilitando assim a concorrência do mercado negro.

O produto e sua qualidade. Os consumidores não podem avaliar os produtos de cannabis sem efetivamente fumá-lo. As concentrações de cannabidiol (CBD) e tetrahidrocannabinol (THC) variam muito. Os consumidores também não conseguem detectar produtos que contaminem a erva, tais como pesticidas e mofo.

As medidas de garantia de qualidade, portanto, poderiam dar aos produtos legais de cannabis uma vantagem competitiva. Um agência, por exemplo a "Anaconha"

, poderia garantir a qualidade do produto. Essa garantia de qualidade, combinada com nomes de marca reconhecíveis, ajudaria os produtos a conquistar boas reputações e garantir e melhorar o desempenho no mercado.

Via de regra as leis que autorizam o comércio da maconha, nos países que já existem, limitam a atividade de marketing, sendo permitido apenas anúncios informativos. Esses anúncios, por não envolverem elementos de marketing, tais como emoções e imagens de estilo de vida, têm pouco potencial de convencimento. Como isso, torna-se mais fácil perder a concorrência contra o mercado negro dos narcotraficantes.

Desse forma, fica claro com pequenos exemplos, que nenhuma ação, nem as defendidas por progressistas, nem as defendidas por conservadores, são suficientes para resolver problemas sociais tão sérios, com o é o caso da segurança pública. Precisamos de um conjunto de políticas sociais, que diminua o interesse pelo crime, ao passo que precisamos também de atividades do estado que aumentem os riscos de quem opta por investir em ações criminosas.

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