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José Victor Adorno, Ian Valladão e Pedro Pimenta

Me explique aí como empresas e sindicatos podem ser parceiros?


O surgimento do movimento sindical se deu na Inglaterra durante o século XVII, período no qual se deu a revolução industrial. Com o advento da criação de grandes indústrias, os trabalhadores comumente explorados viram a necessidade de se organizar de forma a batalhar por seus direitos, criando assim, as Trade Unions, que eram basicamente os primeiros sindicatos. Desde então existe a noção de que a única relação possível entre os sindicatos e o meio empresarial é de rivalidade.

A lei descreve exatamente o que é um sindicato e suas funções. Então, de acordo com a Constituição Federal:

ART. 8º DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL

É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: I - a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização sindical;

II - é vedada a criação de mais de uma organização sindical, em qualquer grau, representativa de categoria profissional ou econômica, na mesma base territorial, que será definida pelos trabalhadores ou empregadores interessados, não podendo ser inferior à área de um Município;

III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses coletivos ou individuais da categoria, inclusive em questões judiciais ou administrativas;

IV - a assembléia geral fixará a contribuição que, em se tratando de categoria profissional, será descontada em folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei;

V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;

VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas negociações coletivas de trabalho;

VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser votado nas organizações sindicais;

VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicalizado a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta grave nos termos da lei.

Parágrafo único. As disposições deste artigo aplicam-se à organização de sindicatos rurais e de colônias de pescadores, atendidas as condições que a lei estabelecer.

Há muito tempo que empresas e sindicatos travam duras batalhas, seja no congresso para aprovação ou reprovação de leis, nas ruas com passeatas, greves e piquetes ou então nos tribunais em longas ações judiciais. Muitos podem se arriscar a dizer que empresas e sindicatos não tem nada em comum, que possuem objetivos totalmente opostos e que jamais poderiam trabalhar em conjunto. Mas será que é realmente assim?

É importante para se ter uma postura crítica a este embate, que se saiba o que motiva cada uma das instituições a se envolverem nesta rivalidade. De um lado temos os sindicatos que a função de defender os trabalhadores é confundida ou substituída por uma batalha contra o patrão, a confusão se dá a partir do ponto em que essa batalha não precisa ser travada. Do outro temos as empresas que tentam defender na maioria das vezes buscam defender a maximização dos lucros pelos meios que forem necessários] .

Algumas empresas e sindicatos tem mostrado que essa batalha não é necessária e tem realizado ações e projetos juntas, mostrando que elas podem sim ser parceiras.

Mesmo que possuam um grande histórico de diferenças e lutas, empresas e sindicatos possuem pelo menos um interesse em comum: a capacitação dos funcionários! Enquanto os movimentos sindicais lutam para valorizar o trabalhador, diminuir taxas de demissão e acidentes de trabalho etc, empresas disputam no mercado, funcionários bem capacitados, que possam dar maior retorno aos seus investimentos. Ora por que então não se tornam parceiras a fim de oferecerem capacitação aos funcionários?

Foi o que o SIEMACO (Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Asseio e Conservação e Limpeza) e a empresa Guima Conseco perceberam, realizando juntas em 2015 uma ação de reciclagem para mais de 200 trabalhadores, com esclarecimentos sobre equipamentos de trabalhos, boas práticas, segurança no trabalho, legislação, direitos e deveres além de sanar muitas dúvidas de funcionários sobre diversos assuntos.

E agora meu amigo, pergunte-se: Quem saiu ganhando com isso? Todos! O funcionário passou a estar mais qualificado para exercer sua função valorizando-se no mercado, a empresa ganhou capital humano e diminuiu as chances de erros operacionais e acidentes de trabalho e o sindicato valorizou seus associados.

Diante disso, vemos uma porta (ou talvez ainda uma brecha) a ser explorada por gestores de Recursos Humanos nas empresas

em relação a união e integração dessas entidades com os sindicatos. Quebrar este tabu convencendo o “inimigo” a trabalhar junto e vencendo a desconfiança dos trabalhadores com certeza não é um desafio fácil, mas que pode trazer grandes ganhos para as organizações.

E aí, tá explicado?

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