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  • Regina Ramos e Pedro Guimarães

O que esperar do futuro? Gestão humanizada, discurso da sedução nas organizações e a crescente tendê


O que esperar da gestão de pessoas no futuro? Quando falamos de Gestão de Pessoas, não estamos nos referindo somente a um departamento de uma empresa e sim na compreensão mais ampla de como as organizações lidarão com as mudanças sociais eminentes e as internalizarão. Assim, faz-se importante ressaltar a necessidade das empresas em captar as mudanças. Três pontos muito abordados nos últimos tempos é sobre a gestão humanizada, o uso de símbolos e narrativas nas organizações para captação e manutenção de funcionários e a crescente tendência da robotização.

E como os aspectos simbólicos e consumo de narrativas será utilizado pelas organizações?

As organizações sempre transportaram simbologias para o seu ambiente e tornou-se notório como as influências dos símbolos e dos aspectos subjetivos causam um profundo impacto nas atividades dos seus membros. Assim, começa-se a perceber que as organizações caminham para tornar-se essencialmente simbólicas, com o intuito de criar sensação de pertencimento àquela empresa. Cria-se um conjunto de mitos e valores organizacionais de forma a permitir a sedução dos trabalhadores. Um exemplo vem a ser a Apple que conta ainda com a figura mítica de seus produtos: Steve Jobs. Tal mito, não atrai somente a atenção de consumidores, mas ajuda a manter o imaginário de diversos trabalhadores que querem estar associados com a empresa.

Mas por quê investir tanto na criação de símbolos e mitos?

"Símbolos e mitos podem assumir aspectos de controle e poder. Dentro das organizações, os símbolos não se compõe exclusivamente de símbolos de poder, embora sejam estes os mais abundantes, caracterizados por logotipos, logomarcas, crachás e objetos de premiação. As organizações não estão separadas da cultura dos seus membros e podem recriar seus aspectos como os símbolos e ritos. O mito originado no seio da organização transforma-se em símbolos que possuem aspectos internos e externos às organizações, sempre influenciando e atraindo atenção.” (Tavares, 2002)

Sendo assim, a crescente de investimento das empresas para a criação de símbolos, mitos e narrativas, tem como intuito a sedução de membros, influenciando-os e permitindo mais controle sobre o seu próprio comportamento.

E a gestão humanizada?

Ademais, a Gestão de Pessoas também caminha para uma maior humanização de suas atividades. Já ocorrem hoje em dia diversas medidas para que os membros de uma organização sintam-se melhores em seu ambiente de trabalho. Acessibilidade, inclusão, diversidade sexual, diversidade racial, ergonomia e segurança já são temas muito debatidos, mas que para o futuro irão muito além de debates e modificarão completamente o que entendemos sobre as organizações. Muito mais do que a modelagem que está ocorrendo nos últimos tempos, a gestão humanizada no futuro ditará um novo modelo de como nos relacionamos com o trabalho.

Como a gestão humanizada conversa com o uso de símbolos e narrativas nas organizações?

Tendo em vista estas perspectivas futuras nas organizações em relação a gestão de pessoas, faz-se importante ressaltar a relação entre ambas que estão muito próximas. A gestão humanizada abre porta para que cada dia mais as empresas criem narrativas e símbolos que agreguem mais diversidade em sua cultura organizacional e façam com que seus membros consumam esse conteúdo e se liguem a empresa muito além do que por motivos financeiros e sim por motivos ideológicos. Algumas empresas já usam desse métodos com seus colaboradores, mas no futuro lidaremos com estratégias calculadas para que sejam mais efetivas e as consequências, boas ou ruins, são imprevisíveis.

E a robotização?

Em contrapartida com essa nova visão e tratamento dos colaboradores por parte da organização, existe uma crescente tendência de se automatizar os processos por meios de robôs como uma forma de otimizar os processos e reduzir os gastos. Nesse contexto foi desenvolvida a tecnologia RPA (Robotic Process Automation) que consiste em uma inteligência artificial, normalmente em formato de software, que aliada a uma máquina é capaz de realizar tarefas de maneira automática. Para que sua utilização se torne rentável para a organização é importante que essas tarefas sejam repetitivas, em grande volume e escaláveis. Nesse tipo de automação, os robôs são máquinas controladas por essa tecnologia de inteligência artificial que envia as informações acerca da tarefa a ser realizada e como a mesma deve ser feita. Dito isso, é importante que seja feita a diferenciação entre a automação convencional de TI, que já é algo muito mais difundido, e a tecnologia RPA que apesar de estar começando a ser implementada em algumas organizações, se apresenta como uma perspectiva futura entre as mesmas.

A automação por meio do sistema de RPA se difere da automação convencional de TI devido a sua característica de adaptabilidade. Ao invés de simplesmente automatizar um processo como a automação de TI, o uso de RPA permite que o software se adapte as novas situações e necessidades por conta de sua capacidade de aprender e se modificar de acordo com as demandas. Essa tecnologia possui esse tipo de autonomia para diminuir a necessidade de intervenção humana no processo, visto que o robô é capaz de tomar decisão e corrigir algum problema apresentado. A utilização da tecnologia RPA possibilita uma expressiva redução no tempo de realização de diversas etapas do processo, impactando diretamente na produtividade e nos resultados da empresa. Além de aumentar a produtividade, por diminuir a participação humana no processo, as chances de acidentes e erros advindos de uma interpretação errada ou de uma inserção equivocada de dados é reduzida.

Pode-se observar de um lado a tendência das organizações de caminhar para uma maior humanização na gestão de pessoas e de utilizarem de símbolos e narrativas com o intuito de ligar seus colaboradores à organização de formas além da financeira, trazendo um sentimento de pertencimento à empresa para o trabalhador como uma forma de reter o capital humano. E por outro lado, a evolução tecnológica buscando cada vez mais a otimização dos processo e a redução dos custos.

Por que essas duas tendências divergem entre si?

Isso se deve pelo impacto direto que a automação de processos por meio de robôs tem nos recursos humanos. Com a utilização dessa tecnologia, não existirá a necessidade da existência de grande parte dos colaboradores do nível operacional, os robôs exercerão suas funções por completo, sem a necessidade da intervenção humana, e de forma muito mais ágil que um humano faria. Com isso, a implementação do RPA em uma empresa acarretará na demissão em massa dos colaboradores de nível operacional.

Portanto, pode-se observar essa dualidade nas perspectivas futuras abordadas que por um lado demonstram que as organizações visam integrar cada vez mais seus colaboradores e fazer com o que os mesmos se sintam conectados e pertencentes à empresa, e por outro lado, mostra uma busca das organizações por tecnologias que otimizarão seus processos de forma a aumentar a produtividade e os resultados mas que trarão consequências direta na gestão de pessoas e no número de empregos.

REFERENCIAL

GARCIA, F.; SILVA, J.; THOMAZ, C. Mitos e simbolismos organizacionais no discurso da sedução. SEGeT, 2015.

LASHINSKY, A. Nos bastidores da Apple: como a empresa mais admirada (e secreta) do mundo realmente funciona. São Paulo: Saraiva, 2012.

TAVARES, M. G. P. Cultura organizacional: uma abordagem antropológica da mudança. Rio de Janeiro: Qualimark, 2002.

http://doze-ti.com.br/blog/

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