Os biocombustíveis modernos foram alardeados como uma alternativa mais ecológica à gasolina e ao diesel desde o início dos anos 1900. Parece uma boa ideia no papel, e eles funcionam - mas seu uso e produção não acontecem isolados de problemas.
A primeira geração de biocombustíveis - principalmente etanol produzido a partir de culturas de plantas - e a segunda geração, derivadas de fluxos de resíduos de plantas e animais, tiveram ecologistas e outros cientistas preocupados com a concorrência por terras e nutrientes entre produção de biocombustíveis e produção de alimentos.
Foi com muita esperança e marketing intenso que a produção da terceira geração de biocombustíveis foi iniciada. Ao contrário de seus predecessores, esses biocombustíveis são derivados de algas, e, em teoria, o dilema de alimentos versus combustível de biocombustíveis baseados em culturas seria resolvido.
O óleo combustível fóssil e o gás são originários de algas, em grande medida, por isso o conceito aqui é replicar a essência da criação de combustíveis fósseis, acelerados e otimizados com a moderna engenharia química. Com isso, o uso de algas seria muito mais eficiente do que a criação de biocombustíveis a partir de plantas terrestres e que a tecnologia faria uso de terras de baixa qualidade que não pudessem cultivar outras culturas.
Milhões de dólares tem sido gastos na tentativa de se alcançar esse objetivo com as algas. Grande parte do dinheiro tem sido direcionada para refinar o processo de engenharia. A solução para a otimização foi vista principalmente como tecnológica não biológica, embora a seleção de espécies e as condições de crescimento também fossem reconhecidas como fatores importantes.
No entanto, pesquisa feita por Kevin Flynn, Chair professor da Swansea University, aponta que a produção de biocombustíveis de algas não é comercial e ambientalmente sustentável. Os níveis de produção atingíveis são uma fração daqueles que foram inicialmente declaradas. A quantidade de biocombustível produzida a partir de cultura prolongada de algas em sistemas de escala piloto não é realmente diferente daquelas de plantas terrestres: cerca de 5.000 a 10.000 litros por hectare por ano.
De fato, a taxa de produção de algas que crescem nas vastas lagoas necessárias para uma produção verdadeiramente massiva é, para uma determinada área de terra, semelhante à observada nas áreas mais produtivas do oceano. Isso equivale a cerca de 4g de carbono do CO₂ fixado em biomassa por metro quadrado por dia.
O sonho não foi desfeito por falhas na engenharia, mas pela ineficiência da bioquímica. As simulações da produção de biocombustíveis microalgênicos mostram que, para aproximar-se dos 10% dos combustíveis de transporte da UE seriam necessárias lagoas três vezes a área da Bélgica. E para as algas nessas lagoas produzirem biocombustíveis, exigiria fertilizantes equivalentes a 50% das necessidades totais das utilizadas na ultima colheita da UE.
Ironicamente, tais lagoas também precisam estar localizadas perto da indústria pesada, que produz CO₂ para fornecer o nível exigido pelas microalgas efetuarem a fotossíntese.
Em última análise, o público pagou por essa visão fracassada - mas seu dinheiro não foi desperdiçado. Se há uma coisa que os seres humanos precisam mais do que combustível, é comida - e este trabalho pode nos ajudar a entender como melhorar as microalgas para apoiar a criação de peixe e marisco e produzir suplementos dietéticos, como Omega-3. A produção de microalgas em massa também pode criar alimentos que contenham ácidos graxos ômega para peixes cultivados, por exemplo, o que significa que não precisamos mais pescar em rios e oceanos para fazer farinha de peixe.
O futuro do cultivo de microalgas em massa ainda é literalmente e metaforicamente verde.