Ao final do ano passado, Trump se torna Presidente dos Estados Unidos. Há pouco, finalizaram as eleições na França, com Macron se tornando Primeiro-Ministro. Pouco tempo após, eleições gerais no Reino Unido, com a Primeira Ministra Theresa May vencendo, mas perdendo poder. Agora, debates pré-leleitorais na Alemanha de Angela Merkel esquentam com a votação no próximo 24 de setembro, que decidirá a composição do Bundestag, ou seja, os deputados federais do país. Uma de suas tarefas é escolher quem assumirá a chefia do governo alemão na próxima legislatura.
Mas o que essas eleições tem em comum? Em todas elas o tema de política externa é extremamente debatido. Não somente nesses países, mas em todos que se dizem ou pretendem se tornar desenvolvidos.
Entretanto, na contra-mão da importância do tema, não temos no Brasil a cultura de se discutir política externa. Mas por que isso acontece?
Vamos inicialmente destacar a importância das relações internacionais em nossas vidas. Primeiro, como economista que sou, vou enfocar a razão econômica: somos resultado das interações econômicas internacionais.
A percepção das Relações Internacionais serem exclusivamente adstritas a diplomatas e historiadores não é mais uma realidade. Elas acabaram por se transformar em um tema muito mais abrangente. O objeto de estudo ja ultrapassou as fronteiras da Ciência Política e do Direito Internacional. Hoje abrange Cooperação Estratégica, Ciência e Tecnologia, Economia, Sociologia, dentre outras.
Com uma política externa, o país procura interagir com o comportamento dos demais atores internacionais e, por meio da diplomacia, transformar o ambiente de acordo com seus ideais e interesses estratégicos. O país deve procurar, pela política externa, manter ou aumentar o seu peso e influência no ambiente internacional.
Uma das características importantes da política externa e que a distingue das demais políticas é ter como campo de ação um espaço de características exógenas, que não está sob controle interno. Dentre as políticas públicas, a política externa assume hoje uma importância extremamente relevante, derivada das rápidas e constantes transformações pelas quais passa o cenário mundial.
O Brasil, que recentemente participou na criação e articulação de um dos mais relevantes grupos de concertação da atualidade os BRICs, ajudou na criação do G20, no G7 + 1, obteve a liderança na OMC, na Unasul e no MERCOSUL. Como 7ª economia do mundo, sua posição geopolítica e extensão territorial e biodiversidade, não poderia ser diferente.
Entretanto, o tema ainda não é intensivamente discutido no ambiente social, demonstrando importante potencial a ser explorado. Nos principais jornais, revistas, na mídia em geral, o espaço dado a temas internacionais é extremamente diminuto, se comparado com a mídia internacional.
Um país que não discute política externa é um país que pode virar um mero espectador e sofrer o reflexo dessas decisões no âmbito interno.
Mas por que isso acontece? O que fazer para reverter esse quadro?
Vamos discutir isso em nosso próximo artigo.